FILOSOFIA

O Homem e a Ciência


Mesmo em meio ao ceticismo, à opressão materialista, à falta de consciência hu-mana e a ignorância frente ao estagio ético e moral, temos que ter a atitude fundamental do homem para com Deus e, com isso, a base antropológica da religião que é a fé. Para o poeta alemão Goethe, ”A história é combate entre a fé e a incredulidade”.

Para muitos este combate está no fim, julgando que a fé está derrotada e que o discurso sobre a mesma é irrelevante, chegando ao ponto de afirmarem como o filósofo Nietzsche que ”Deus está morto”(gaia a ciência, seção108).

Contudo, é face a face com essas conclusões cegas que nos deparamos atualmente.

No dintel do templo de Delfos(Grécia) está escrita a frase “conhece-te a ti mesmo”, que por mais que pareça se referir a obrigação humana de possuir seu significado, se refere ao fato do homem saber que é homem e não Deus, ou seja reconhece que és homem e tem as fragilidades de homem e também natureza e estado do mesmo, dife-rente dos deuses.

O que quero salientar é que primeiramente temos a necessidade de nos colocar como conhecedores da nossa verdadeira condição, seja como criaturas, servos e filhos de Deus, e isto é nobre, mas também termos convicção desta condição, ou seja, não somos deuses, mas somos seres capazes de se relacionar com Ele, o verdadeiro Deus, e além disso, estabelecermos amorosamente relações de paternidade e comunhão, afi-nal somos dentre as criaturas terrestres as únicas que “são e sabem que são”, afi-nal,como pode o Homem saber de seus limites, se não discerne algo para além de si mesmo?

Quanto mais o homem conhece a realidade e o mundo, tanto mais se conhece a si mesmo na sua unicidade. O que chega a ser objeto do nosso conhecimento, torna-se por isso mesmo parte da nossa vida, o homem que deseje distinguir-se, no meio da criação inteira, pela sua qualificação deve em primeiro lugar reconhecer-se como criatura e buscar na causa primeira, que é Deus as respostas necessárias para o entendimento de seu real ser.

Assim, as questões fundamentais que caracterizam o percurso da existência hu-mana: Quem sou eu? Donde venho e para onde vou? Porque existe o mal? O que é que existirá depois desta vida? têm a sua fonte comum naquela exigência de sentido que, desde sempre, urge no coração do homem, e Igreja não é alheia, nem pode sê-lo, a este caminho, que busca resposta a estas questões, ela fez-se peregrina pelas estradas do mundo, para anunciar que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 6). Dentre os vários serviços que ela deve oferecer à humanidade, há um cuja responsabilidade lhe cabe de modo absolutamente peculiar: é a diaconia da verdade, ciente, todavia de que cada verdade alcançada é apenas mais uma etapa rumo àquela verdade plena que se há de manifestar na última revelação de Deus: Hoje vemos como por um espelho, de maneira confusa, mas então veremos face a face. Hoje conheço de maneira imperfeita, então conhecerei exatamente (1 Cor 13, 12).

Não podemos deixar de apreciar o esforço da razão na proposição de objetivos que tornem cada vez mais digna a existência pessoal. Mas movidos pela constatação, sobretudo em nossos dias, de que a busca da verdade última aparece muitas vezes o-fuscada pelo apego humano as falsas construções teóricas acerca dos diversos temas que envolvem home e o universo. Com isso, a falsa ciência contenta-se em verdades parciais e provisórias, deixando de tentar pôr fim as perguntas radicais sobre o sentido e o fundamento último da vida humana, pessoal e social.

Portanto, reafirmando a verdade da fé, podemos restituir ao homem de hoje uma genuína confiança nas suas capacidades cognoscitivas e oferecer a compreensão hu-mana, um estímulo para poder recuperar e promover a sua plena dignidade.

Reafirmando a supremacia da revelação de Deus em sua Palavra, recuperaremos o que perdemos um dia pelo pecado do homem no Éden, ou seja nossa identidade, “i-magem e semelhança de Deus”(Imago Dei), redescobrindo o encanto de Deus e com isso o encanto da vida também, percebendo então, que o mais importante não é falar de Deus e sim falar com Deus, nos tornando amigos de Cristo, fazendo um trato de amizade com Aquele que sabemos que nos ama(João 3, 16). Não é uma troca de palavras, mas sim uma troca de interioridades.

O encontro com Deus é uma convergência intersubjetiva de duas interioridades consumadas no interior do coração, na fé e no amor . Sou uma criatura única, e mesmo a simbiose não é capaz de formar ou duplicar a existência do meu ser, e nesta unidade percebemos a necessidade da interação com aquele que nos faz únicos. Essa é a principal idéia de pessoa, que tem como característica a experienciação, que por si é incomunicável.

Portanto se não nos lançamos de cabeça no mar de Deus, nunca saberemos quem é Deus e quem somos nós. A verdade é que ninguém tem o direito de falar de Deus se não fala com Ele, porque senão estará sempre no âmbito do pré-conceito, e o mesmo acontece nas relações sociais. E hoje o que a Igreja precisa, não é de professores de Deus, e sim de profetas, aqueles que aprenderam de Deus, caminham com Ele, e são Dele.

Contudo, a nossa tarefa é de afirmar a Bíblia como a fonte infalível da Verdade. Tendo consciência de que uma coisa é a palavra deus e outra coisa é Deus mesmo, uma coisa é a palavra amor, e outra coisa é o sentimento amor. Ninguém se embriaga com a palavra vinho. Uma coisa é conhecer teoricamente que o fogo queima e outra coisa diferente é tocá-lo e experimentar tal dor.

Recitar que Deus existe, que é Criador de tudo, que Deus é pai, que Ele nos ama, isto sabemos desde crianças, mas sentir intimamente a presença esclarecedora, envol-vente, amante e infinitamente consoladora de Deus, que nos irradia e nos tira de nossos mundos interiores é o nosso alvo. Só assim poderemos repetir as palavras dos apóstolos Pedro e João frente ao Sinédrio: “não podemos deixar de falar daquilo que vimos e ouvimos” (Atos 4:20).



Há um mover histórico e uma ação humana pautadas não na razão humana, mas sim na experiência cotidiana e na vida daquele que caminha em contato com a palavra “de Deus”, expressa em seu contexto de varias maneiras.

As explicações quanto a fenômenos naturais, características sociais e, sobretudo o mo-do com que a vida humana se apresenta, são matéria de explicações para o povo de Deus pautados pela Bíblia, asseguradas de geração em geração através do uso destes ensinamentos.