terça-feira, 30 de março de 2010

Texto Escrito pelo Prof.Israel Boniek Gonçalves, publicado na revista PNV 256 do CEBI Nacional(Centro de Estudos Bíblicos):
Para adquirir acesse: http://www.cebi.org.br/publicacoes-produto.php?produtoId=373


A inspiração como psicogênese da união entre os homens.

A inspiração parece ser a palavra chave desta pequenina frase.... seu significado parece obvio e qualquer um que instintivamente se sentiu seguro nos braços dos progenitores proporá sentido comprovado a esta frase.
O que podemos indagar é: mas até que ponto a inspiração que hoje podemos enxergar como querer dos homens, faz com que possamos nos despir do egoísmo e da necessidade que temos de garantir nosso espaço? O que vemos é a busca insaciável pela realização de interesses próprios, cada um procura seu lugar ao sol, um assento cativo, ou mesmo como uma vaga na melhor e mais visível posição, seja qual for, uma vez que cada ser humano em seu mundo recria as suas prioridades...e isso faz com que o seja de meu interesse , não seja para o outro, partilhando somente o egoísmo.
Talvez pareça confuso e até mesmo cético, mas percebo que determinar a lógica de uma relação chamada união, nem seja possível ao homem nesta vivente condição, pois afinal será que o homem em alguma instância da vida conhece o significado deste termo(união) em seu significado lato...me parece que o significado de individuo nos parece um tanto mais plausível, afinal é necessário que primeiramente nos tenhamos como evidencias do nosso “eu” existente, ou seja, temos que ter algo que faça com que sejamos o que somos e não o que demais existe, pois só assim o homem parece alcançar o seu ser, contrariando a hipótese de que a individuação é possível em contra-resposta ao individualismo.
A individuação nos permite sermos únicos e ao mesmo tempo parte do tudo, diferente do entendimento individualista que defende a unidade do ser como apropriação indevida da realidade como um todo que não lhe pertence uma vez que este ser é parte dela e não totalidade.
Novamente pergunto: Unidos? É possível? Se nossa resposta é sim, uma outra pergunta emerge: qual é a via, o caminho, a trajetória que devemos seguir para atingi-la?...Tenho convicção que muito já foi proposto mas pouco se caminhou neste sentido. Penso que somente quem realmente presencia a experiência da união poderia nos dar uma luz acerca do problema plausivelmente instaurado.
Portanto no mundo não encontramos plenamente tal exemplo, mas segundo a nossa fé e confirmação do espírito que em nos habita, há sim quem vive nesta condição, quem não pleiteia o trono erguido sobre o abalar da existência de outros seres, ou seja Deus - Aquele que é comunhão – Pai, filho e Espírito Santo – Perfeitos, no melhor sentido do termo, todo feito, sem faltar parte! Poderíamos até aceitar como sendo este o significado de união, não faltar parte alguma, não faltar eu, não faltar você e nem faltar ninguém.
O que me alegra e me enche de esperança é o desejo que parte Daquele que sabe e que vive o que é união: “Que sejam um”, frase docilmente acompanhada de nosso saber de que esta é a sua vontade.
Ao que me parece a verdadeira união trás consigo a força de fazer cessar o mundo, como um simples lar que guarda consigo a capacidade de amenizar o ameaçador espírito de disputa e ganância mundano. É um desarme natural e age de maneira eficás fazendo sucumbir o que é mal, o que eu aqui caracterizo como tudo o que nasce do egoísmo e da imposição individual.
Navegando a historia, podemos perceber que flui nitidamente a idéia que a prioridade individual é sempre inimiga do bem comum, e que por sua forca atrai todos os fracos, uma vez que viver em comum unidade nos remete ao dever de partilhar além de nossas virtudes, também as nossas fraquezas, e isso é algo que somente os “fortes” fazem, afinal é mas fácil esconde-las que lançá-las a mostra.
Novamente proponho que devemos nos apegar a inspiração, e digo que, se o que vem de Deus é posto e chamado de inspiração, talvez seja exatamente o que eu nos falte. Fazer brotar de dentro de cada um a inconformidade com a atual situação de divisão entre os homens. É hora de nos despirmos da franqueza que nos assola de achar que somos senhores de nos mesmos e que um dia não dependeremos de ninguém, pois alcançamos o suficiente para nossas vidas.
Sugiro que paremos, olhemos em nossa volta, e depois de um breve silêncio gritemos bem alto para que todos escutem que: eu preciso de você, que você me faz falta, que eu perco cada vez que seu passo é dado na direção contraria ao trilho tortuoso da minha vida, e por fim soltar um Ufa! Mesmo que acompanhado da frase: “Como foi difícil dizer isto”... -Utopia, esperança ingênua, não sei...acho que pode ser uma simples “inspiração”!
Que Jesus seja o exemplo, que Deus seja a base e que nós sejamos as experiências bem sucedidas, confirmadoras da eficácia que tem a prática do amor que vem de Deus nosso Senhor.

Israel Boniek Gonçalves
boniekmg@yahoo.com.br
Professor e Diretor Pedagógico da FAEST

domingo, 21 de março de 2010

Como Crianças Diante de Deus
Meus amigos, uma das qualidades do nosso ser, que perdemos no processo de crescimento e amadurecimento decorrente da dinâmica da vida é a capacidade de se surpreender com o “novo”, uma criança traz consigo esta marca, ou seja, ela está sempre aberta às novas descobertas, e disposta a se maravilhar com o mundo que lhe é apresentado. No decorrer da nossa vida, marcada pelo tempo, pelas frustrações, pela estagnação e pela idéia de que já se sabe muito, vamos aos poucos neutralizando esta capacidade. Se tratando do âmbito teológico, isto é mais grave, uma vez que nosso Deus é aquele que têm sempre algo novo para nós. É Ele quem faz novas todas as coisas e nos ensina a viver em novidade de vida.
É comum encontrarmos pessoas que acham que já conhecem e que já sabem tudo acerca de Deus, e isso é triste, sendo que quando aceitamos a Cristo, estamos apenas no inicio da caminhada, é a partir deste momento que vamos começar a conhecer a Verdade, é o “principio da instauração da mente de Cristo em nós”. Portanto temos que perceber que aceitar a Jesus, como Senhor e Salvador de nossas vidas, implica primeiramente que agora sim começa a nossa vida. Voltamos a ser criança e a descobrir a nossa verdadeira realidade e condição, sendo que a nossa vida está escondida com cristo em Deus (Cl. 3,2) e outrora foi encoberta pelo pecado.
Portanto,estamos aqui para tentarmos recuperar o que perdemos a todo instante, ou seja, a capacidade de se encantar com Deus, e como conseqüência, se encantar com a vida também. Descobrindo que o mais importante não é falar de Deus e sim falar com Deus, nos tornando amigos de Cristo, e nos fortalecendo frente às lutas da vida. Estamos aqui para um trato de amizade com Aquele que sabemos que nos ama. Não é uma troca de palavras, mas sim uma troca de interioridades.
O encontro com Deus é uma convergência intersubjetiva de duas interioridades consumadas no interior do coração, na fé e no amor. A história torna-se, assim, o lugar onde podemos constatar a ação de Deus em favor da humanidade. Ele vem ter conosco, servindo-Se daquilo que nos é mais familiar e mais fácil de verificar, ou seja, o nosso eu, inserido no contexto quotidiano, fora do qual não conseguiríamos entendê-lo.
Duas presenças, previamente conhecidas, se fazem mutuamente presentes em união e estabelecem uma relação de dar e de receber, de amar e sentir-se amado. E é desta maneira que podemos recuperar o encanto de Deus, experimentando-o em nosso profundo ser, além das palavras e dos anseios humanos.
Enfim, recitar que Deus existe, que Deus é pai, que Ele nos ama, isto sabemos desde crianças, mas sentir intimamente a presença envolvente, amante e infinitamente consoladora de Deus, que nos irradia e nos tira de nossos mundos interiores é o nosso alvo. Só assim poderemos repetir as palavras dos apóstolos Pedro e João frente ao Sinédrio: “não podemos deixar de falar daquilo que vimos e ouvimos”(Atos 4:20).


Israel Boniek Gonçalves
boniekmg@yahoo.com.br
Graduado em Filosofia-UFSC
Mestre em Teologia-EST

Fotos de alguns eventos e trabalhos:
(Palestras, aulas, seminários...)